000 01594nam a2200241 a 4500
001 BS0003438
003 BR-BrBNA
005 20230418162506.0
008 230308b |||||||| |||| 00| 0 por d
040 _aBR-BrBNA
_bpor
_cBiblioteca Nacional de Agricultura
041 _apor
072 _aS86
090 _aS86 BS0003438
100 1 _aPólvora, Hélio
245 1 _aContos da noite fechada /
260 3 _aIlhéus, BA:
_bEdtitus Editora,
_c2004.
300 _a144 p.
520 3 _aMeu irmão Ismael estava caído junto à porta da sacada. Piscou à luz crua da lâmpada próxima, que acendi. Suava. O peito do pijama tinha sangue empastado. Meus olhos pararam nos cabos das facas. - Ismael - eu gemi. Ismael, nos últimos tempos, tinha um jeito esquivo de olhar para a gente, como se envergonhado. Às vezes, vinha passar dias comigo. - Ismael, o que foi isto? - Aconteceu, mana. - Aconteceu o quê, meu irmão? As facas - ele disse com simplicidade. - Estou vendo. O agressor, Ismael, o miserável. Onde está? Chamou a polícia? Os cabos de madeira das facas baixavam e subiam com a respiração. Duas facas amoladas na barriga, as minhas facas. Ismael parecia um velho samurai. Só faltava o Buda, a pira queimando incenso. Dizer o quê, em semelhante transe? Dizem que palavras confortam. Talvez aliviem a mágoa atual, mas não redimem o pesar de uma vida. O olhar de Ismael passa por mim, evita o meu rosto. Sinto nesse desvio do olhar um pedido de desculpas.
650 _aLITERATURA BRASILEIRA
650 _aCONTOS
909 _a56
_bSergio Santos
_c56
_dSergio Santos
942 _cBK
999 _c16575
_d16575